Rasgo lágrimas de papel
de invernos distantes
retidas no lastro da lareira
consumida pelo tempo
recuo por trilhos de serenos olhares
que me afagam os cabelos
eivados de ternuras avoengas
e pinto mãos enrugadas e calosas
nas paredes de casas fantasmas
percebo sorrisos remotos
que embalam sonhos e premonições
SEM LIMITES, SEM FRONTEIRAS, SEM TEMPO, SEM ESPAÇO, SEM COR, SEM NACIONALIDADE, SEM SEM SEM...
27/11/2007
20/11/2007
Recessão (2)
e criança brinco
com palavras perdidas
da infância extraviada
no tempo devorado
por idades remotas
sem rugas sem gelhas
que atenuam a cor
e a dor aparente
dos anos implacáveis
desperto em nevoeiros
e elevo-me na atmosfera
condensada de raízes
sem sementes nem embriões
suprimida por impotência
da natureza e da matéria
com palavras perdidas
da infância extraviada
no tempo devorado
por idades remotas
sem rugas sem gelhas
que atenuam a cor
e a dor aparente
dos anos implacáveis
desperto em nevoeiros
e elevo-me na atmosfera
condensada de raízes
sem sementes nem embriões
suprimida por impotência
da natureza e da matéria
11/11/2007
Recessão (1)
sem esquadria desenho fusos horários
que me transportam tímida
por décadas, séculos, milénios
sem causalidade aparente
viajo à velocidade da luz
e mergulho em tempos remotos
de fantasias medievais
ou de festins romanos
recuo a épocas de grutas
e descubro o fogo hipnótico
que me devora numa combustão
interminável
e desfaleço em labaredas
e converto-me em cinzas
que me transportam tímida
por décadas, séculos, milénios
sem causalidade aparente
viajo à velocidade da luz
e mergulho em tempos remotos
de fantasias medievais
ou de festins romanos
recuo a épocas de grutas
e descubro o fogo hipnótico
que me devora numa combustão
interminável
e desfaleço em labaredas
e converto-me em cinzas
04/11/2007
Tempo de pintura...
Mais por curiosidade do que por preferência lá me decidi a ir espreitar a exposição de Salvador Dali, no Palácio do Freixo, na véspera do último dia.
Cheguei tarde e aguentei o frio que caiu após um dia de sol que se recolheu sem avisar.
Enquanto esperava na fila, pude observar o movimento das pessoas que se deslocavam lentamente e aos soluços, percorrendo o perímetro do átrio dessa bela casa, um exemplar magnífico da arquitectura solarenga portuense, que remonta ao século XVIII, em estilo barroco, da autoria de Nicolau Nasoni. Tentei, para me distrair e divertir, mudar o rumo da fila que seguia atrás de mim, dando uns passos mais à direita. Pouco consegui, mas confesso que não me esforcei muito.
Já lá dentro, pude apreciar o calor que aquelas paredes ofereciam aos visitantes, além dos interiores ricamente revestidos.
Não me seduziram as sequências de litografias ("Bíblia Sagrada", "Gargantua e Pantagruel" e "Fausto"), exceptuando uma ou outra. O mesmo não posso dizer das esculturas que, até ao momento, nunca tinha tido oportunidade de ver. Fixei em especial "Mulher Nua Subindo a Escada" que me atraiu pela simplicidade de formas e pelo movimento de ascensão que expressa.
Registei a inabilidade dos visitantes que observavam as obras expostas a vinte centímetros de distância, como se as fossem devorar a qualquer instante e impediam a visão sequencial e global da obra. Enfim...opções (?!)
Foto: http://jpn.icicom.up.pt/
Cheguei tarde e aguentei o frio que caiu após um dia de sol que se recolheu sem avisar.
Enquanto esperava na fila, pude observar o movimento das pessoas que se deslocavam lentamente e aos soluços, percorrendo o perímetro do átrio dessa bela casa, um exemplar magnífico da arquitectura solarenga portuense, que remonta ao século XVIII, em estilo barroco, da autoria de Nicolau Nasoni. Tentei, para me distrair e divertir, mudar o rumo da fila que seguia atrás de mim, dando uns passos mais à direita. Pouco consegui, mas confesso que não me esforcei muito.
Já lá dentro, pude apreciar o calor que aquelas paredes ofereciam aos visitantes, além dos interiores ricamente revestidos.
Não me seduziram as sequências de litografias ("Bíblia Sagrada", "Gargantua e Pantagruel" e "Fausto"), exceptuando uma ou outra. O mesmo não posso dizer das esculturas que, até ao momento, nunca tinha tido oportunidade de ver. Fixei em especial "Mulher Nua Subindo a Escada" que me atraiu pela simplicidade de formas e pelo movimento de ascensão que expressa.
Registei a inabilidade dos visitantes que observavam as obras expostas a vinte centímetros de distância, como se as fossem devorar a qualquer instante e impediam a visão sequencial e global da obra. Enfim...opções (?!)
Foto: http://jpn.icicom.up.pt/
Tempo de cinema...
Vi «Elizabeth - The Golden Age», um filme alheado de factos históricos enfadonhos. A personagem, interpretada por Cate Blanchett, revela uma rainha dotada de força e de coragem, que menospreza a sua condição de mulher para dar lugar à sua figura de estado, amada pelo povo, e condenada à solidão do poder.
Elizabeth The Golden Age
Elizabeth The Golden Age
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