10/03/2008

Sinais do tempo

Veio-me à memória os tempos idos de estudante quando, convicta, participava nas marchas de contestação pela cidade universitária até ao Campo Grande e na ocupação pacífica da Reitoria... Acreditava num mundo melhor...

Demorava a saída do Marquês de Pombal. Os helicópteros da polícia e das TVs sobrevoavam a área e alguém especulava: a ministra está a ver-nos...
Passo a passo, avançámos lentamente até à Avenida da Liberdade, onde nos cruzámos com grupos de pessoas que nos apoiavam e davam coragem! Um grupo de idosos, orgulhoso de lutas passadas, gritava: Foi pela liberdade que nós lutámos! Uma mãe aplaudia exibindo na camisola: Os «pais» estão com a ministra, eu sou mãe! Duas crianças empunhavam um cartaz: Os professores são os nossos pais!

Acreditei novamente! Redescobri porque escolhi este caminho! E um orgulho inocente deu-me força. Força para acreditar que ser professor não é profissão. É mudar o mundo. É ajudar a desvendá-lo, a compreendê-lo na sua globalidade e particularidade.
É plantar uma árvore, é semear um jardim, é inventar um rio, é percorrer mares e continentes, é falar várias línguas, é regressar ao passado e viajar no futuro...
Ninguém me pode tirar tudo isto! Por mais que tentem, nunca o conseguirão!
Os ministros, os governos, as políticas passam... os professores ficam!







Irene Ermida

3 comentários:

  1. Temo que nada tenha mudado. Pequenos recuos que não o são, porque eles antecipam tudo.
    Valeu a intenção.
    Beijo, I.

    ResponderEliminar
  2. a pedro

    ... tens toda a razão...

    a spectrum

    algo mudou certamente mas nem sempre os efeitos são imediatos; a História o dirá...

    ResponderEliminar

Aqui pode deixar:
um sorriso, uma lágrima;
uma pincelada, um rabisco;
uma crítica, um conselho;
uma vírgula ou um ponto final.