23/04/2008

sem título

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Há instantes que nos surpreendem pela evidência da mutabilidade e pela consciência de que a nossa vida se constrói na incessante passagem de etapas da vida dos outros.

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Irene Ermida

21/04/2008

Vidas à espera da morte



Site oficial

Poderia dissertar sobre os actores, a fotografia, a música, o guião... Mas nada disso faria sentido!

A dialéctica vida / morte é lugar comum em discussões, à mesa do café, pela noite dentro, quando a crise existencial nos bate à porta, sobretudo quando ainda jovens, não entendemos a razão pela qual a vida nos obriga a morrer. À luz de doutrinas filosóficas, de cariz mais existencialista ou mais teológico, discute-se o sentido, ou falta dele, de ambas, procuramos respostas para justificar, afinal, a certeza mais infalível que todos temos desde que vimos ao mundo!

A nossa visão da vida condiciona a aceitação ou a negação da nossa morte.
Há os que defendem a teoria do «consumismo» do tempo e vivem cada dia com a convicção de não acordar no seguinte!
Há os que defendem o «adiamento» da vida como se fossem donos do tempo!
Há os que injectam doses de trabalho nas horas para lhes sugar o tutano!
Há os que vivem alucinados pelo medo da morte!
Há os que vivem moribundos adiando um amor!
Há os que existem aprisionados ao passado!

Arrisco dizer que poucos são os que saboreiam a vida com serenidade e aceitam a morte com naturalidade!

Quando saí do cinema, ocorreu-me também escrever uma lista de coisas que quero ainda fazer: viajar na montanha russa, dar uma volta no carrossel, caminhar na praia sob a chuva, apreciar o nascer do sol, fazer um piquenique, rever o álbum de fotografias de família...

Mas dei comigo a pensar que, afinal, a vida, assim como a morte, são imprevisíveis!

14/04/2008

Interstício

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Existo no intervalo entre a tua chegada e a tua partida

na forma de me sentir mais eu junto a ti

nos braços que me rodeiam e me evaporam no vácuo

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Mensagens que dançam no silêncio do olhar

no espaço de um mundo renovado

em que a nossa trajectória ocupa o centro do universo

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O resto desvanece-se em sombras invertidas no espelho

de uma virtualidade oca e intrusa

à margem da nossa cumplicidade que sustém as lacunas

entre a tua partida e a tua chegada.

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Irene Ermida

08/04/2008

No cinema... sem pipocas!



Um filme que alia a simplicidade da vida e a complexidade interior do ser humano perante as circunstâncias que permanecem para além da sua vontade.
O crescimento interior do ser humano em contraponto com a cronologia dos acontecimentos extrínsecos.
Um Irão desmistificado pelos olhos de uma criança/adolescente/mulher que aprende com a avó o significado de «integridade».



Uma curiosidade: o filme foi proibido no Líbano.

Um outro olhar sobre este filme no «Charlas»

02/04/2008

Afluente


Foto: Rio Corgo, 03/04/2008


Sou um afluente que desagua em rio nenhum
numa viagem atribulada pelas margens da existência

a jusante de investidas impróprias e rutilantes
que desaguam numa foz inverosímil

Adormeço no leito de águas turvas, serenas

saboreando a essência da nascente
longínqua e consistente


Acordo na queda de águas revoltas e possantes
que me fixam no caudal que flui através de mim

Irene Ermida