10/10/2010

III

todos os dias sai o barco à deriva sem porto sem capitão rumo a destinos inconfundíveis de recordações que já não são nem nunca foram e procura a realidade que não é nem nunca foi crepitando surdamente entre paredes invisíveis imersas em águas repetidas de traços e de margens que não são nem nunca foram porque os significados únicos alastram em todas as direcções e não há força nem poder que as contenha e na separação de possibilidades insuportáveis não há nada que se mantenha eterno e o infinito é ilusão de quem espera a insignificância de pormenores.

Irene Ermida

Sem comentários:

Enviar um comentário

Aqui pode deixar:
um sorriso, uma lágrima;
uma pincelada, um rabisco;
uma crítica, um conselho;
uma vírgula ou um ponto final.