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De há uns tempos para cá, estou a ficar preocupada comigo, o que acontece muito raramente. Quando aparece uma dor, espero que passe. Mas esta dura há quinze dias... e não há meio de passar! É intermitente, é certo, e geralmente aparece ao fim da tarde. Deduzo que seja stress (este palavrão que dá com tudo!). Reuniões até às tantas e quase diárias, imprevistos atrás de imprevistos que exigem resposta pronta, a rotina de problemas... Um infindável colar de contas (ou de contos?)...
Ontem, quando cheguei a casa, decidi enfiar-me numa banheira de água quente para descontrair. Adormeci e só acordei com a água fria!
Hoje fui para uma esplanada à beira-mar, sob um sol resplandecente, com boa música de fundo e dediquei-me à leitura de Mr. Vertigo, de P. Auster. Perdi a noção do tempo, até ter dado conta do zumzum que estava à minha volta. Incomodada, decidi ir ao cinema, onde me esperava uma fila enorme de pessoas que ao fim-de-semana se recolhem no shopping para esmagar o tempo.
Saí com a tal dor de cabeça e vim para casa.
E, de caminho, embrenhada nos meus pensamentos, comecei a acordar: há qualquer coisa que não está bem comigo! Ou seja, tomei consciência de que não suporto espaços com gente... pessoas... seres humanos... E isto, sinceramente, preocupa-me. Gostar de estar sozinha, evitar espaços contaminados de vozes, de risos, de movimento... Não é normal ou, pelo menos, não era até agora!
Quando é que sabemos que sofremos de misantropia?!