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De há uns tempos para cá, estou a ficar preocupada comigo, o que acontece muito raramente. Quando aparece uma dor, espero que passe. Mas esta dura há quinze dias... e não há meio de passar! É intermitente, é certo, e geralmente aparece ao fim da tarde. Deduzo que seja stress (este palavrão que dá com tudo!). Reuniões até às tantas e quase diárias, imprevistos atrás de imprevistos que exigem resposta pronta, a rotina de problemas... Um infindável colar de contas (ou de contos?)...
Ontem, quando cheguei a casa, decidi enfiar-me numa banheira de água quente para descontrair. Adormeci e só acordei com a água fria!
Hoje fui para uma esplanada à beira-mar, sob um sol resplandecente, com boa música de fundo e dediquei-me à leitura de Mr. Vertigo, de P. Auster. Perdi a noção do tempo, até ter dado conta do zumzum que estava à minha volta. Incomodada, decidi ir ao cinema, onde me esperava uma fila enorme de pessoas que ao fim-de-semana se recolhem no shopping para esmagar o tempo.
Saí com a tal dor de cabeça e vim para casa.
E, de caminho, embrenhada nos meus pensamentos, comecei a acordar: há qualquer coisa que não está bem comigo! Ou seja, tomei consciência de que não suporto espaços com gente... pessoas... seres humanos... E isto, sinceramente, preocupa-me. Gostar de estar sozinha, evitar espaços contaminados de vozes, de risos, de movimento... Não é normal ou, pelo menos, não era até agora!
Quando é que sabemos que sofremos de misantropia?!
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Irene Ermida
2 comentários:
E vai daí, minh'amiga...
'nem oito nem oitenta', declarou o Marquis de La Palisse que na realidade era General. A misantropia de que me vanglorio será um tanto elitista ou um tanto comodista e! sou também alérgico à sofisticação a horário ou sujeita a programa (o que vem a dar no mesmo), a amontoados de gentes, de homens e mulheres arregimentados por uma ordem do dia ou uma doutrina iconográfica, fardados de senhores e de senhoras... em sítios, em eventos, em restaurantes; na casa dos amigos, onde aparecem, alpinistas, feitos importantes pelos importantes cargos da falência nacional que declamam, etc etc
'Par conséquent', disse então de La Palisse, não sou o melhor para te ouvir o desabafo pois estou muito d'acordo com muito do que nele se vê. 'Et voilá!', exclamou o general e acho que não terás que te questionar; gostei de perceber que, de súbito, tiveste um arranque sem arrecuas - 'vá pra casa do seu pai!'
Ora, nem mais. Além de que os putos vão-se deixando estar indefinidamente; e não é acaso ou ternura residual - é truque! É oportunismo, encostanço... sei-o pelo seguro, pelas autoras com 30-e-tal anos que fui conhecendo de perto. Esta é uma; a outra é a das pessoas que te cansam - olha a novidade! As pessoas (e, aqui, erro pela menor de certeza) não exibem qualidades que nos fixem. Têm vindo a ser utilitárias na atitude de há 40 anos para cá; 'não prestam para nada !', gritou o marquês-general lá do fundo. ('Pois não...' respondo eu, a ver se se cala) Não prestam para nada, a generalidade das pessoas e são tacanhas e encolhidas; pe-que-ni-nas. E daí, nas cidades, arrogantes,
a perpetuar a vacuidade e a pobreza- quanto mais, mais, mais!
J'explique: quanto mais pequeninas, mais arrogantes e mais se perpetuam nisso.
No campo, o jogo é outro; a pequenez também está lá, é portuguesa desde o séc XVI, uma pequenez com manias.
viva purtugale!
Não tens mais azar' que qualquer outra que se desvie um tudo-nada da zara das ideias
Correcção
(...) voilá!', exclamou o general mas acho que não terás que (...)
s'ill vous plaît
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