03/05/2011

Golpe(s)





são golpes de nuvens
que resistem à luz
e não sabem onde cair
e não ferem as sombras
que se desviam entre os ramos vestidos de pedra
numa súbita evasão feita de fogo e de água
são golpes de vozes que estremecem a um canto
e desfiguram os rostos ocultos que perdem a cor
soltam-se as mãos amordaçadas de palavras
e inflamam-se os olhos inertes e opacos 

são golpes que sorriem e choram
e se calam num silêncio que não dorme.



Irene Ermida

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