28/10/2011


(imagem Google, alterada)



"Approchez vous du bord, dit-il; 

-On ne peut pas, Maître, on a peur ; 

-Approchez-vous du bord, réitéra-t-il; 

- On ne peut pas, Maître, on a peur; 

- Approchez-vous du bord", fit-il encore. 

Ils vinrent. 

Il les poussa... 

Et ils volèrent..." 

Guillaume Apollinaire

09/10/2011

O Amargo Destino do Sonho

«Aí residia a sua força e a sua virtude, aí era invergável e incorruptível, aí o seu carácter era firme e rectilíneo. No entanto, esta virtude trazia estreitamente ligados a si também o seu sofrimento e o seu destino. 
Acontecia-lhe o que a todos acontece: aquilo que por impulso da sua mais íntima natureza demandava e em que se empenhava com a maior pertinácia, era-lhe concedido, mas ultrapassando aquilo que ao homem é benéfico. O que começava por ser sonho e felicidade, redundava em amargo destino.»

Hermann Hesse, in "O Lobo das Estepes"
morrem-me as palavras

na nascente da água doce e pura...

morro na tua boca

sem amanhã

porque não és meu

há uma partida do destino
para um lugar qualquer

distante de mim.



Irene Ermida



és a metade que me nega

que se recusa no tormento do esquecimento

és o sinal longínquo de um barco arrancado às tormentas

amputada do meu corpo, exilada no teu deserto

os olhos já não são olhos
e as mãos abrem-se no limiar do sorriso

não há invenção de dias e de noites
há a tristeza e os tremores das lágrimas
que se escondem em poesia.


Irene Ermida



Dói-me deste amor.

Dói-me de doer 

Dói-me de pensar em ti

Dói-me da tua ausência

Dói-me a saudade

Dóis-me
de amar...






Irene Ermida

Fio de luz (3)

...e num mar de sonhos não resistia à forte corrente que a fustigava, que a estremecia numa estrela, que a rodeava de (in)sentidos, de meias-luas, de ventos solitários... deixava-se ir para o abismo pelos caminhos de um amor avassalador. E não via o horizonte que lhe mostrava as nuvens densas dentro de si. E não via a luz cortada de sombras, nem o azul de um mar entontecido pelas marés. Via a margem onde os seus pés teimavam na areia movediça de pantanosos círculos. E tudo era imenso como o mistério de um profundo (a)mar.

Irene Ermida