15/01/2012

é como se realmente te importasses... mas, no fundo, já nada importa. Alheio ao que sinto: dor, deceção, desalento, indiferença, solidão. São derrotas consecutivas como se o amor me estivesse vedado cada vez que  o meu coração desabrocha e acredita. Vale a pena? Já nada vale a pena... Acena-me a luz para logo a seguir cair na escuridão. Abre-se a porta para imediatamente entrar num castelo sem saída. São becos com uma luz ao fundo que se apaga sempre que me aproximo. E a réstia de esperança que alimento esvai-se no nevoeiro denso do medo. Só o mar me entende, só o mar me ama com tal força que me mantenho viva dentro de mim para mim.
Com tanto para dar, para partilhar, para oferecer... e a vida devolve-me mágoa e desgosto. O tempo não pára e os segundos correm velozmente para um abismo sem retorno. E, no entanto, (não te amo).



percorro com o olhar as sombras ao meu redor... transfiguram-se em pedras frias numa harmonia enternecedora e perplexa... existe o destino? esse destino que suga os meus sonhos e as minhas ânsias? esse ciclo que me apanha no ar e me projeta contra a impossibilidade de não sentir e me provoca feridas atrozes e cicatrizes profundas... e sinto... o quê? emoções... que me atordoam e me confundem... que me abatem sem piedade... resignação ou inconformismo? por que lado vou? não quero, não quero, não quero decidir... quero embalar-me no som do mar que tudo permite, que torna tudo possível...
mas não... não vou resistir... vou procurar um refúgio que me proteja de mim... e deitar-me na corrente e adormecer nas nuvens, onde não hajas sentidos a procurar, onde não me encontre perdida... porque quero perder-me e não voltar  a encontrar-me!


Irene Ermida


Como saber a hora exata
...em que devemos desistir?
Como saber o minuto
... em que nos leva o vento?
o segundo
... em que abandonamos o sonho?

como saber que já perdemos?

olhar para trás
e rodopiarmos na roda
que risca no céu um círculo
que nos absorve
engole
devora
o projeto de ser novamente
e de amar plenamente?!



Irene Ermida