Há palavras que...
... nos atiram contra a parede e num telúrico movimento nos arrancam a pele
... lapidadas, nos afagam os cabelos e plantam o brilho no olhar
... fogem assustadas e partem para o esquecimento
... nos tocam com a ponta dos dedos e nos transformam em penas
... flutuam ao sabor da brisa com sabor a mar
... nos esmagam de espanto com promessas de esperança
Há tantas palavras coladas no beiral de uma boca amordaçada que diz tudo o que queremos ouvir...
E há o silêncio arrebatador de um fim de tarde:
o sol despede-se e dorme
a lua anoitece e sonha.
Sem palavras!
Irene Ermida