12/09/2013

Desejo calado




fecundada na nascente de um rio
nasce das pedras e do musgo
e corre nas veias do mar

uma embriaguez tortuosa agita as ondas e
murmura incontestáveis misérias surdas
e não diz 
o que no sangue corre

porque o sangue não tem cor
nem sabor, só vento e cegueira que
guia as mãos pelo centro da terra
inundada de seiva que
chove na boca 
de desejo calado.

Irene Ermida



08/09/2013

Olhar marginal



há uma certa marginalidade no teu olhar que
rouba a quietude como quem passa pelo céu e
rouba uma estrela

marginais palavras segredadas num sorriso e
o mundo avança mais depressa

e dias e noites enganam-se numa roda que
gira no prazer íntimo de um beijo

Irene Ermida