Que tristeza tão inútil essas mãos
que nem sempre são flores
que se dêem:
abertas são apenas abandono,
fechadas são pálpebras imensas
carregadas de sono.
Eugénio de Andrade
30/10/2006
Final do Ramadão
Mulheres paquistanesas exibem as suas mãos decoradas em Multan, no Paquistão, na celebração do Eid al-Fitr, que assinala o fim do mês de jejum do Ramadão.
Foto@EPA/Strmultan
AM / PM
Informo que as horas assinaladas não correspondem à realidade... ou será que me trocaram as voltas???
Ou seja, onde se lê 1:37 PM é exactamente o contrário e por aí adiante...
Não me digam qua ando a fazer o pino ou o mundo anda de pernas para o ar?! Ou ambas as coisas?! O que iria dar ao mesmo...
Mas esta questão do AM e PM aparecerem trocados até é um facto relevante... é que há coisas que só são concebíveis a determinadas horas...
As insónias traduzem-se em produtividade e não em inactividade. Há momentos durante o dia em que andamos num estado de sono profundo, reagindo a estímulos condicionados e, durante a noite, permanecemos num estado de vigília, moldada por uma lucidez existencial que projecta a sua precaridade e efemeridade com toda a evidência.Ou seja, onde se lê 1:37 PM é exactamente o contrário e por aí adiante...
Não me digam qua ando a fazer o pino ou o mundo anda de pernas para o ar?! Ou ambas as coisas?! O que iria dar ao mesmo...
Mas esta questão do AM e PM aparecerem trocados até é um facto relevante... é que há coisas que só são concebíveis a determinadas horas...
Tomamos consciência, inopidamente, de que basta um segundo para que tudo o que somos se evapore eternamente.
Estupefacção ou estupidificação?!
Os exames nacionais do ensino secundário no ano lectivo anterior correram mal?
Nada como ser pragmático... acaba-se com eles...
Não por razões estruturais, pedagógicas, financeiras, mas porque nos apetece. É melhor assim!
Há anos que se debate a realização de exames para conclusão do ensino secundário e, simultaneamente, acesso ao ensino superior... sim, porque estas instituições tão disseminadas por esse país fora, não intervinham no processo de selecção, estando a cargo das escolas do ensino secundário toda a panóplia de procedimentos necessários à transição entre os dois ciclos de ensino.
Sem rumo certo, ao sabor de vendavais nefastos ou de brisas inofensivas, «marcham» os jovens comandados por adultos inconsequentes que, ora pensam assim, ora alteram as regras e pensam o contrário.
Mas, afinal, em que ficamos? Os exames?! São importantes e necessários? Ou são dispensáveis? O que se articula melhor com as estatísticas vindas a público regularmente e que tanto sacrificam o sistema de ensino português? Que verbas são poupadas neste processo gigantesco e ignorado pelo cidadão comum, que dorme descansado sem se aperceber de que os seus impostos são gastos numa máquina absurda de papel, de equipas de elaboração, de correctores, de elementos das forças de segurança, dos transportes, etc. num processo interminável?
Jovens que ambicionam um lugar ao sol que, tão escondido anda entre nuvens de palavras e decisões, são os principais afectados pelas constantes alterações das regras.
As emergentes inteligências poderão um dia escrever a história e duvido que, com tanta turbulência infligida às suas mais legítimas expectativas, nos seja atribuída um lugar decoroso. A ver vamos, se a foice letal não nos poupar de tal embaraço!
Vaguear da luz
um beco
com saída…
abandona a sua forma
convencional e pré-estabelecida
embrenha-se no universo sombrio e derrotado
dotado de caracteres entrelaçados
e rugindo na alma morta
provoca a angústia
de viver o presente
a apatia evoca a dor da obrigação
de reviver o passado
aproxima-se o tempo
das margens inseguras
despenha-se nas fragas pontiagudas
mergulha no vácuo incessante
do infernal abismo…
com saída…
abandona a sua forma
convencional e pré-estabelecida
embrenha-se no universo sombrio e derrotado
dotado de caracteres entrelaçados
e rugindo na alma morta
provoca a angústia
de viver o presente
a apatia evoca a dor da obrigação
de reviver o passado
aproxima-se o tempo
das margens inseguras
despenha-se nas fragas pontiagudas
mergulha no vácuo incessante
do infernal abismo…
07/06/1993
e hoje escrevo o quê???
hoje não existem maiúsculas imponentes e magistrais... nem palavras mistificadas por nuvens, estrelas ou planetas...
nem ontem, nem amanhã
hoje
«a nanotecnologia - um conjunto de técnicas utilizadas para manipular a matéria à escala de átomos e moléculas (‘nano’ refere-se a uma medida) ...É o resultado da conjunção da Física, da Química, da Biologia, da Medicina, da Informática e de várias engenharias. Através da junção destas várias áreas do conhecimento, pretende levar o conceito de miniaturização ao extremo – o seu objectivo é construir estruturas complexas, átomo a átomo, molécula a molécula, como se de peças de legos se tratasse. »legos... brincar... infância...
construir infindáveis estruturas labirinticas
«A utilização dos átomos como unidade básica permite a construção de nanodispositivos capazes de realizar tarefas até agora inimagináveis. Um dos muitos sonhos da pesquisa científica em nanotecnologia é a habilidade para colocar dentro do corpo humano agentes mecânicos tão pequenos que podem viajar sem se sentirem através da corrente sanguínea e mesmo efectuar uma reparação da célula ao nível molecular. Num futuro próximo será possível construir estes agregados moleculares com a capacidade de detectar e reparar células cancerosas. Estas moléculas possuirão um anticorpo que reage com as células malignas e transportará uma molécula tóxica que será libertada na presença do tecido tumoral.»
ora bem... este foi escrito em 7 de Março de 1995!
Inconstante certeza:
Constante incerteza!
Triplo renascimento
mitifica o momento
arruina a penumbra
da eternidade transitória
Eflui o sangue cálido
que se derrama, vertiginosamente
pela natureza trágica da matéria.
O impulso convulsivo do querer
triplica inquietude jacente
do não poder ser unidade.
Minuete que anima a alma
suaviza o paciente sôfrego
repõe o sossego sensorial
e forja a essência
tridimensional.
Pêndulo incessante e hipnótico
que redunda em incógnito desfecho.
Constante incerteza!
Triplo renascimento
mitifica o momento
arruina a penumbra
da eternidade transitória
Eflui o sangue cálido
que se derrama, vertiginosamente
pela natureza trágica da matéria.
O impulso convulsivo do querer
triplica inquietude jacente
do não poder ser unidade.
Minuete que anima a alma
suaviza o paciente sôfrego
repõe o sossego sensorial
e forja a essência
tridimensional.
Pêndulo incessante e hipnótico
que redunda em incógnito desfecho.
em 14 de Março de 2006 escrevi:
a ponte inexistente viola as fronteiras da dúvida
que serpenteia como um rio entre montes e vales
até à exaustão
o fogo alastra pelos poros da certeza evidente
que permanece livre como uma ave viajante
até ao limite
a ignorância domada infiltra-se na teia do sentir
que freme revoltada como a estrela sumptuosa
até ao infinito
a freima perpétua galopa no vácuo obscuro
que investe hostilmente como o guerreiro
até à extinção
que serpenteia como um rio entre montes e vales
até à exaustão
o fogo alastra pelos poros da certeza evidente
que permanece livre como uma ave viajante
até ao limite
a ignorância domada infiltra-se na teia do sentir
que freme revoltada como a estrela sumptuosa
até ao infinito
a freima perpétua galopa no vácuo obscuro
que investe hostilmente como o guerreiro
até à extinção
29/10/2006
VERDADE-Carlos Drummond de Andrade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade resplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade resplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
o ovo ou a galinha?
«a velocidade como ela é
ninguém pára a internet banda larga...»
a fronteira não existe para mais um blog
nasceu hoje órfão de pai
sem lugar na genealogia pródiga de nomes e parentescos
«nova fórmula mais densa» para limpar mentes encardidas de vanguardismos ocos porque fica bem
«as coisas duravam o máximo dos máximos três semanas» e «agora é para sempre»
«rumo à nova fase» da liga dos campeões... esquecidos e anónimos
«só visto e você no par ideal» transpirando harmonia ou harmonias?
acentuação obrigatória
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