Há momentos em que descobrimos, sem razão aparente e só porque o nosso cérebro tem mesmo de se ocupar com algum pensamento, que há pessoas inócuas… De tão inofensivas que são, transformam-se em indiferentes, como qualquer marco de correio ao lado do qual passamos todos os dias, mas em que já ninguém repara. Não nos fazem mal, mas também não nos fazem bem.
Damos conta que, apesar de serem presença assídua na nossa vida durante anos, podiam ser substituídas por outras, igualmente inócuas. E não faria diferença nenhuma. Ou seja, estão ali por estarem, porque falam, mexem e riem. Tão transparentes que até magoa; tão ocas que até dói; tão fúteis que até ofende… E vamos deixando-as estar, pois, não está na nossa natureza criativa e sumarenta, sacudir o pó de tal ausência de conteúdo.
Felizmente, há o contrário, bem mais raro, é certo, mas que compensa! Instantes fulgurantes bastam, por vezes, para que um rosto, um olhar, um sorriso, uma palavra, irrompam pelo nosso discernimento adentro e nos provoquem emoções perpétuas e inesquecíveis. Sem esses encontros seríamos nós, igualmente, vazios de sentido.
Seres que irradiam uma energia invisível poderosa, que nos arrancam da mesquinhez e da banalidade e nos catapultam para um horizonte tão extenso e fértil, que nos fazem sentir verdadeiramente substantivos e significantes. E esse universo de sensações intensas perdura e multiplica-se, na consciência plena de que também marcamos a diferença, o que pode, evidentemente, transformar-nos no alvo de sentimentos menos nobres e no centro de situações embaraçosas.
Seres que irradiam uma energia invisível poderosa, que nos arrancam da mesquinhez e da banalidade e nos catapultam para um horizonte tão extenso e fértil, que nos fazem sentir verdadeiramente substantivos e significantes. E esse universo de sensações intensas perdura e multiplica-se, na consciência plena de que também marcamos a diferença, o que pode, evidentemente, transformar-nos no alvo de sentimentos menos nobres e no centro de situações embaraçosas.
Cabe-nos activar a lucidez e a distância em relação às tentativas de atrofia e asfixiamento do nosso estar, do nosso sentir e do nosso ser, e explorar serenamente os trilhos que nos vão surgindo. E, se no início, é tarefa penosa, acaba por ser, gradualmente, um objectivo tentador e delicioso, que compensa o esforço!
Irene Ermida
1 comentário:
A poeira cósmica, constituída sobretudo por gases, também tem direito a existir no universo. Serve para preencher as lacunas entre as estrelas.
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