30/08/2010

28/08/2010


E a sensualidade das formas também...

A beleza sem preconceitos...

Não faz mal pensar...




Imagem de Dinho Fonseca


Ninguém é responsável por ninguém... a responsabilidade é individual e diz respeito a nós próprios...
A ser assim, a solução dos nossos problemas não depende do comportamento dos outros, mas antes das metas que traçamos para a nossa vida, das nossas decisões e do estabelecimento das nossas prioridades.
Ninguém vive a vida por nós!

27/08/2010

Frases soltas...

«A maior cobardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la»

Supostamente, esta frase teria sido dita por uma mulher ressabiada, que se deixou iludir pelas artimanhas de algum predador que não olharia a meios para caçar a sua presa e que, após anos de esperanças perdidas, teria proferido estas palavras, ressentida com o desprezo, indiferença ou apatia do amante.

Mas não... não foi! Este pensamento, vá-se lá saber porquê, saiu da cabeça (ou do coração?!) de Bob Marley...




A curiosidade de descobrir algum indício que pudesse esclarecer o fundamento da frase de Marley, levou-me a pesquisar a biografia do cantor e músico e descobri na Wikipedia o seguinte:

O pai, Norval Sinclair Marley, um militar branco do exército inglês casou com a adolescente negra Cedella Booker, grávida de Bob, e abandonou-a no dia seguinte ao casamento. Continuou a dar-lhes apoio financeiro mas não impediu as dificuldades a que a família foi sujeita, nem provavelmente algum sentimento de abandono por parte do jovem Marley.

Isto sou eu a pensar... a vida afinal é mesmo assim, cheia de injustiças ou de pontas soltas... e, dado que as sentimos na própria pele, por vezes, herdamos os fantasmas e queremos corrigir o percurso dos antecessores, como se expiássemos as suas culpas ou erros. É como se voltássemos atrás, encarnássemos as figuras que nos puseram no mundo e resolvêssemos que, agora sim, é que vamos repor tudo no sítio certo.

É evidente que viver com tamanho peso acaba por ter custos elevados: primeiro, porque ao corrigirmos uns, cometemos outros; segundo, porque não vivemos a «nossa» vida, mas sim uma vida emprestada. E não porque nos foi emprestada, mas antes porque a usurpámos, convencidos que somos mais capazes de a viver, sem desvios nem fracassos!

É interessante reflectir como este legado interfere com as nossas emoções mais profundas e até que ponto pode condicionar as nossas decisões ao longo da vida. É como se quiséssemos compensar as pessoas que amávamos e vimos sofrer e evitar o sofrimento de outras que amamos.

O livre arbítrio dá-nos essa possibilidade; mas, independentemente do que fizermos ou tentarmos corrigir, há sempre a imponderabilidade das consequências das nossas acções. Como acabamos por ter a certeza de que estamos a agir bem?! Provavelmente, só se o ciclo se perpetuar e virmos os nossos filhos a «corrigir» as nossas falhas...

A natureza humana não é infalível e exigir demais de nós próprios acaba por resultar numa pena de prisão perpétua, condenados por «crimes» dos quais, no fim de contas, somos os únicos inocentes!

Mas, para desanuviar, vale a pena ouvir esta versão do «is this love»:

The Doors - People are Strange

24/08/2010

Dez tipos de homens...


Não sei exactamente como, mas de link em link fui ter a um site brasileiro que exibia o título «Dez tipos de homens pra ficar bem longe». Decidi-me então a perder alguns instantes a ler este sugestivo e enigmático artigo, na expectativa de descobrir algum conceito menos prosaico e ainda me divertir com o suposto conteúdo.
É tema recorrente o relacionamento entre homem e mulher em análises mais, ou menos aprofundadas ou científicas… Diria que nem um nem outro (outra, neste caso) resiste a ler este tipo de artigo, pois, espera encontrar mais um ingrediente para a receita milagrosa que existirá por aí algures para alcançar a relação perfeita!
«Não entendo os homens!» e «não entendo as mulheres!» são expressões utilizadas frequentemente para exprimir a incapacidade de entendimento entre masculino e feminino, o qual deveria, à partida, ser naturalmente natural, já que a Natureza assim o concebeu e não há constatações desse tipo nas outras categorias de seres vivos, já que será improvável assistirmos um dia a uma discussão entre um casal de gatos sobre questões básicas do dia-a-dia ou entre a qualidade da sua relação… (a haver, seria muito mais fácil aprendermos com o exemplo!)
Ora, diz-se que a mulher é um ser bastante mais complexo que o homem e daí, a maioria destas tipificações serem da sua autoria, decorrente da sua tendência para analisar e sistematizar as coisas e transformá-las em códigos indecifráveis que põem a cabeça dos homens em água! Por sua vez, os homens tenderão a simplificar demasiado as coisas criando linguagens pragmáticas que possam sustentar o seu mundo a nível das necessidades básicas. Ou seja, ambos os sexos precisam de estereótipos para sobreviver no mundo das relações.
Acontece que, no meio destas categorizações, se perde a verdadeira essência do ser humano, seja mulher ou homem, desviando a atenção apenas para o invólucro e ignorando a dimensão inesgotável de emoções e pensamentos que cada um possui e que nunca chega verdadeiramente a ser exposto ou conhecido. Por comodismo, habituamo-nos a formatar as pessoas ou a vê-las apenas nessa proporção e a agir, ou reagir, segundo as referências que vão sendo criadas para encontrarmos a base de apoio para construir um relacionamento.
Concentrarmo-nos na descoberta do outro como indivíduo, com características singulares e únicas, é um processo demasiado lento para a sofreguidão com que se vive hoje em dia. Não há tempo para a exploração desse universo que cada um de nós transporta e que faz de nós seres absolutamente originais, dotados de uma riqueza incomensurável a vários níveis.
Abstrairmo-nos do enquadramento acessório e convergirmos para o essencial «invisível aos olhos», que passa pela aceitação do outro tal como realmente ele é e não como pretendemos mais facilmente supor, será, talvez, o mais belo desafio do homem ou da mulher…  
Voltando ao motivo inicial que me levou a escrever estes devaneios, foi fácil associar um homem do meu círculo de conhecimentos a qualquer um dos tipos… Como seria, aliás, de esperar… E também acabei por me rever num dos «dez tipos de mulher a não copiar»…
E foi assim que acabei por reflectir nos perigos destas fórmulas caricaturais difundidas amiúde, que contribuem em parte para uma visão deturpada e oblíqua dos relacionamentos, já que, homem e mulher, são muito mais que um padrão fabricado por ideias simplistas, e o seu poder de atracção reside essencialmente na sua singularidade e excepção.

22/08/2010

Mais uma leitura...

 «- Eu não decido nada. Acontece que eles estão à espera de ser incendiados. Pela minha parte, limito-me a fazer-lhes a vontade. Reconheço a situação e aproveito. Como a chuva. A chuva cai. Os rios transbordam e há coisas que são levadas pela corrente. Será que a chuva julga alguma coisa? Atenção, não penses que eu tenho queda para a imoralidade. Gostaria de acreditar que tenho a minha própria moral. E que representa uma força extraordinariamente importante para a existência humana. Sem moralidade, o ser humano não existe. A moral é o que permite existir simultaneamente.
- Existir simultaneamente?
- Exacto. Estou aqui e estou ali. Estou em Tóquio e, ao mesmo tempo, estou em Tunes. Sou eu o culpado e sou eu que perdoo. São tudo exemplos. Esse equilíbrio existe e, sem ele, não poderíamos viver. como acontece com um alfinete de segurança. Se esse alfinete se abrisse, ficaríamos em fanicos, literalmente. É graças a isso que podemos existir simultaneamente.»

Deliciosa passagem do conto «Os celeiros incendiados»! A eterna questão da moral, que serve os propósitos de cada um, conforme as conveniências... ou o colete de forças que nos atrofia a liberdade?!
Para ser livre, é preciso transgredir ou, apenas, soltar amarras? Viver a conta-gotas para manter o equilíbrio ou viver em queda livre permanente, ao sabor do nosso livre arbítrio com a opção de decidir se sim ou se não...
Talvez a maioria das pessoas prefira a primeira; mas, sem dúvida que, a meu ver, a segunda é muito melhor e mais completa: viver livre de falsas moralidades e poder decidir se sim ou se não, sem ter que inventar argumentos para as nossas atitudes, conforme a nossa vontade. Livre de materialismos e de estatutos sociais ou outros, com a certeza absoluta de que a vida é só uma, ninguém a vive por nós e um dia acaba... Termos consciência de que cada minuto é importante e que podemos fazer com ele uma imensidão de coisas... rechearmos o tempo de atitudes e factos significativos para nós e para os outros, que contribuam para uma evolução e não limitem esta passagem a uma mera repetição de rotinas... que, mesmo interrompidas, acabam por nos sufocar...

16/08/2010





(a imagem que faltava, estampada no peito de alguém... porque há coisas e pessoas que até se completam!) 



de um sentir desejo

abandonado no gesto quente

de um simples cruzar de pernas

numa espera apetecida

e adiada…

nos dedos pendentes da mão

a tranquilidade

de que o tempo

afinal

não existe…


Irene Ermida