09/06/2008

Negaçao do nada


Foto: Narcis Virgiliu

não me embalo na robustez do vento

não trilho veredas de nuvens informes

não me seco no instante fugaz do vazio

não navego na vacilante onda de espuma

não cresço em agrestes jardins sem raízes

não me afogo em inconstantes marés cheias

não me alimento da efémera torrente do vulcão

não estremeço no fluxo contínuo do volúvel

não combato inexistentes espectros de luz

não me resigno a inquietos ímpetos de fé

não derivo na intranquila corrente do rio

não flutuo em lagos de verdes pântanos

não, não me sinto nos outros sem mim

Irene Ermida

3 comentários:

cavaleirodoamor disse...

Cheguei aqui e deslumbrei-me. A sua escrita de um rigor extremo, a variedade dos assuntos e a sua poesia deixaram-me extasiado.
Adivinho uma Mulher de forte personalidade e de uma emotividade rara.
É um prazer imenso saber que existe!
Voltarei, se não for incómodo.

Artsy-Fartsy disse...

Suas palavras são fortes. Eu diria que seu verbo é um gládio afiadíssimo. Terçar hastas e brandir escudos vernáculos parece-me que é sua especialidade.
Amei este espaço.
Um enorme abraço!

Irene Ermida disse...

cavaleirodoamor
agradeço a vinda e o elogio!
Será que é bom a adivinhar?!
É bom saber que alguém fica contente com a minha existência :))
E não incomoda nada.

mr.fart
as palavras saem ao sabor do pensamento... mas nada que se pareça com alguma táctica militar de ataque - defesa :))
Gostei da sua visita e das suas falas.
Abraço, porque não? :))