Nunca resisto a entrar numa livraria e raramente saio sem ter comprado um livro! Vício, hábito, necessidade, não sei o que é... mas desde criança que esta atracção pelos livros me persegue, a ponto de sonhar em dedicar-me ao negócio ou viver numas águas-furtadas forradas de capas de todas as cores e feitios...
Recordo um dia em que apareceu, à porta lá de casa, um vendedor que apregoava humildemente uma colecção de clássicos a conta-gotas, de acordo com o orçamento apertado da altura. A minha mãe cedeu perante o meu insistente pedido para comprar todos aqueles livros que, hoje, preenchem uma das estantes do meu escritório e, que em tempos idos, já fizeram a delícia da minha imaginação.
Quando, nos tempos da faculdade, em Lisboa, me sentia mais melancólica, entrava numa livraria na avenida de Roma que primava pelo espaço e recheio e deambulava por ali, tocando, folheando, lendo um outro parágrafo deste ou daquele rol de palavras, fruto do esforço e do talento de mentes aturdidas pelo universo da criação literária.
A feira do livro era local obrigatório, diariamente, enquanto durasse… parque Eduardo VII acima, parque Eduardo VII abaixo, sem pressa, sem pés reclamando de tal peregrinação e sempre na ânsia de ver o escritor que, entre sorrisos, dava autógrafos.
Incuti no meu filho, felizmente com sucesso, o gosto pela leitura desde a mais tenra idade, tanto que, quando descobriu que por magia da professora não precisava mais da mãe para ler as letras impressas, insistia em ler às escondidas, quer na cama até altas horas, à luz de uma lanterna, quer na escola, a ponto de lá ser chamada para tomar medidas.
Nas mil vezes em que fui confrontada com a pergunta: «Mãe, que gostavas que eu fosse quando fosse grande?» descontrolei-me na última: «Escritor» respondi. «Mas tu é que sabes o que queres» acrescentei. E soube… frequenta o curso de Tecnologias da Informação e Comunicação…
Ontem, enquanto procurava uns livros aconselhados por um amigo, fui abordada gentilmente numa livraria do Porto: «Por acaso reparei que folheou aquele livro e gostaria de lhe falar mais um pouco sobre ele.» E eu deixei-me levar por aquele empolgamento próprio de alguém que «deu à luz» um punhado de páginas escritas e que baptizou: «No Alto da Serra do Marão». E não resisti: comprei o livro, não sem antes ter pedido ao autor uma dedicatória: «Nunca percas a fé e a esperança. Segue os trilhos do teu coração e encontrarás a felicidade. Do amigo Paulo Monteiro.»
Frase feita?! Talvez… é irrelevante. Merece a minha consideração e respeito pelo simples (e tão complexo!!!) facto de ser escrita por alguém que ama as palavras.
1 comentário:
Momentos destes, eternizam-se...gostei de ler!!
Grata pela partilha ;)
Um abraço ;)
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