21/12/2006

Quero escrever e abandonar o barco em que navego no mar alto.

Dilacera-me a aragem que sopra violentamente e caio no vácuo,

num movimento ascendente e despedaço-me em mil partículas,

que se soltam das amarras da unidade física.

Quero escrever e abandonar o barco que sobe ao pico da vaga medonha e forte,

e desce às profundezas do oceano estranho e belo.

Quero escrever.

Preciso de abandonar o barco.

A tempestade arrasta-me para longe e deposita-me no marasmo negativista da existência cruel e ambígua.

Quero afogar-me na solidão e conformar-me com a realidade ilusória e mentirosa.

Quero escrever o diário de bordo, testemunha do ondular perpétuo no azul e verde da viagem.

E partir!

E chegar!

14/02/1995

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