10/12/2006

RE(a)cordar 4



Foto: Sílvio Panosetti

A alma contorce-se.

Os espasmos assaltam a tranquilidade e só resta a turbulência.

Passeio nua pelos contornos da tinta que vão acrescentando traços e mais traços

até formar o manto com que me cubro.

Disfarço-me de mulher e acredito que o sou.

As fraquezas emergem e ao sol são expostas.

Tornam-se feridas, cicatrizes que permanecem.

A lua ilumina-as dando-lhes formas ambíguas e distorcidas.

Já não sei o que é verdade, não quero saber se é mentira.

As linhas paralelas desenham perpendiculares que se esbatem

numa amálgama indistinta de valores, de sentimentos, de desejos.

Continuo a sonhar e o desconhecido atrai-me para o abismo da indefinição.

Acordo e o pesadelo começa a subir pelas paredes da imaginação.

Não sei onde vou chegar e subo…

Quando vou parar esta escalada sinuosa de montanhas mutiladas e sombrias?

08/11/95

1 comentário:

Vício disse...

um dia!
garantido...