07/06/2007

Transparência(s) 2

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http://olhares.aeiou.pt/

deslizo o olhar pela minha sombra

e deixo-a ali estática e entaipada


descalça de fantasmas piso a relva húmida de orvalhos matutinos

que em gotas se entrelaçam nas folhas decalcadas de verde

nua de hipocrisias dormentes

que rastejam pela margem

do rio de águas exaltadas pela luz de graciosos profetas

que de sorriso em sorriso pintam vales e montes e sóis e nuvens

dispo-me de espartilhos morais que ornam o pórtico da razão

e esgrimo ditongos que penetram palavras ausentes de sílabas


de intenções torpes crivo o olhar alheado de visões reticentes

assombrada de invisíveis intuitos metamórficos

diluo cortinas de flores estampadas e inspiro pedaços do tempo

que um dia foi mas volta sempre

regresso e retomo a sombra

que ali esperava estática e entaipada


5 comentários:

Daniel Aladiah disse...

Quisera que a sombra ficasse ou fosse e fizesse o que eu quisesse que fizesse...
Um beijo
Daniel

aDesenhar disse...

" regresso e retomo a sombra
que ali esperava estática e entaipada"

não me enganei quando te escolhi para figurares ao lado de Torga/Pessoa... no post do "meme".

:-)

bjs

jg disse...

Querida Irene,
Sem te ter pedido autorização, linkei-te no meu blog.
Espero que isso não me valha um processo com pedido de indemnização!!
Bjs

Nilson Barcelli disse...

Soberbo.
É o que me ocorre dizer sobre este teu poema.
Bom fim-de-semana, beijinhos.

Irene Ermida disse...

a daniel
nem sempre a sombra faz o que queremos, pois o querer não é suficiente...

a adesenhar
não me esqueci do teu desafio e da charlas! tenho que me dedicar aos «memes» mas ando bloqueada!

a jg
até que fazia jeito uns extras :-) mas «fica ela por ela» já que estavas na minha lista (pedi-te autorização?)

a nilson
é com humildade que agradeço o teu elogio.
bjs