10/10/2010

I

arranco a página em branco e dobro-a em mil partes até desaparecer esse vazio de palavras e de silêncios que falam até doer os ossos num ímpeto controlado de gestos e de sensações que perduram na milésima porção de sonhos de tremores de ventos esquecidos porém surpreendentes e violentos que arrasam montanhas e planícies longínquos de tão longe e de tão perto que se vêem e sentem nas pontas dos dedos estendidos até à lua que ofusca olhares e dizimam a inocência de um lençol branco ou preto macio de pérolas e de sedas de sentidos perdidos estáticos manchados de gotas de suor e de amores passados e futuros.



Irene Ermida

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