23/12/2006

Há poesia no ar...


Já não me importo
Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.
Nada me resta
Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda irei
Indiferente
A quem sou ou suponho que mal sou,
Fito a gente
Que me rodeia e sempre rodeou,
Com um olhar
Que, sem o poder ver,
Sei que é sem ar
De olhar a valer.

E só me não cansa
O que a brisa me traz
De súbita mudança
No que nada me faz.
 Fernando Pessoa

2 comentários:

aDesenhar disse...

...e quando há poesia no ar...

fico em silêncio e leio...

:-)

Vício disse...

momento magico, ler as palavras deste génio acompanhadas pela voz da deusa Janis... obrigado!