16/01/2007

Um parêntesis na desorientação



Egon Shiele

Um parêntesis no tempo e na vida que cinge pensamentos soltos, como se numa cela existisse. Uma luz lúgubre denuncia a odiosa janela atravessada por execráveis barras de ferro.
Cinzentos, os tons de sombras despovoadas e de cores matizadas, exumam do esquecimento o alvoroço remoto, enquanto o vermelho abominável dos olhos tão doces e devassos serpenteia pelo trajecto sinuoso e arqueado.
Afastou-se, desferindo golpes de brilhos robustos e vigorosos:
- muito bem, passe à frente que é a sua vez!
Lajeou a extensão que se lhe deparava, subitamente, e ergueu um palácio de mármore.
A mágoa derreteu castelos e trevas e sumiu entre árvores enfermas e derrotadas.
Ergueu-se num suspiro que trepou pelas nuvens, agora extintas de branco, e dissipou ternuras dolentes de afecto e gritou:
- é a sua vez! retire-se!

4 comentários:

Anónimo disse...

Boa semana

Anónimo disse...

escreves de facto muito bem, parabéns por isso e pelo blog em geral! voltarei com mais tempo

;-)

jokitas

Naeno disse...

Muito bonito o teu texto. Um misto de surrealismo, abstracto, concreto, leveza, verdadeiro, mentiroso, mas, muito, muito criativo e belo.

Um beijo na pele do teu coração

Naeno

Irene Ermida disse...

a mikas
obrigada pela visita
boa semana para ti também

a croquis
volta quando quiseres, a porta está aberta... :-) enquanto tiver «escrita» dentro de mim... escreverei.
bj

a naneo
a partir do momento que são «publicados», os textos deixam de me pertencer... são teus, vossos... de quem os lê...
obrigada pela visita