23/01/2007

Claridade(s) 1

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Após uma semana de descanso regressei à minha rotina laboral (soa a linguagem sindical?!)...
Deparei-me com uma pilha considerável de papéis na minha secretária que provocou a imediata vontade de partir. Saliente-se que metade eram cópias do sinistro D.R. !!!
De arma em punho, rabisquei assinaturas, escrevinhei «autorizo», «deferido», «indeferido com base na alínea tal do ponto tal do despacho normativo tal...», «cumpra-se», recitei vagarosamente parágrafos ao meu cérebro que, incauto, lá ia absorvendo o que podia...
Aquele aparelho que serve para comunicar à distância sobressaltava-me, de vez em quando, com uma campainha que devia ser proibida em qualquer parte do mundo, de tão irritante soar!
O computador ligado, alheado e contemplativo, servia para passar os olhos, distraidamente, pelas primeiras dos jornais.
Não conformado a esta letargia, o meu orgulho profissional, ferido, demonstrava eficácia e determinação nas decisões.
Consciente do dever «comprido», regressei a casa ao fim do dia. Como quase sempre, a última a sair... o guarda-nocturno, com um encolher de ombros, saudou-me e repetiu, como quase sempre: tem que ser, não é?! Respondi energicamente, mais pelo arrepio de frio que me atravessou o corpo ao sentir a diferença de temperatura, do que por convicção: Pois tem!

6 comentários:

aDesenhar disse...

lol
os anos passam e é estranho como essas estridentes campainhas se mantêm no pedestal da irritação...
lol
quando mete D.R. apenas desejo bom proveito...
:-)

Irene Ermida disse...

talvez... mas sem dúvida que só prefere o segundo, quem ainda não atingiu/descobriu o primeiro!

e não resvala nada, ou esqueceu-se que neste blog é tudo sem limites? :-)

Irene Ermida disse...

a desenhar
o som deve ter sido escolhido com esse propósito! :-) senão, porque ansiamos tanto pelas férias?!
e obrigada no que toca ao DR! é sempre uma leitura «reconfortante» pois assim sabemos que, neste país, a classe governante e afins continuam no seu papel paternalista sem deixar uma vírgula de fora ao simples cidadão!

Vício disse...

faltou falar no fumo que teimava em te circundar sob o espaço que te separa do tecto amarelecido pelo tempo, enquanto se ouviam as sirenes de uma carro da policia que passava numa pressa de chegar a algures... dava um filme interessante!

Irene Ermida disse...

a vício

obrigada pelo contributo; realmente faltava um pouco de acção para animar a descrição. :-)

Su disse...

..tem de ser........tem

jocas maradas