Por razões que me decido a omitir neste momento, porque a mão me obriga e porque a mente ferve sobre o assunto, surgiu-me a questão:
Hoje em dia que arte é utilizada para exercer a atracção entre macho e fêmea?!
«Vou na auto-estrada de moto, ultrapasso um descapotável conduzido por uma mulher e, quando posso, páro. Ela também. Trocamos números de telefone. O relacionamento durou dois anos!»
Acreditem ou não, isto é verídico!
«Um contacto da net. Pensamento imediato ao vê-lo pela primeira vez: «É este!» como se de longa data o esperasse. Três encontros e três dias tórridos no Algarve. Depois, afastamento e aproximação através de sms, de aparições repentinas, mas sem intimidade! Durante 20 meses! Ponto final!»
Dois casos que chegaram até mim pelos próprios intervenientes...
Existe, ou não, ainda a arte de sedução?!
Que abordagem preferem os homens e as mulheres dos nossos dias?
Vale a pena investir nas relações amorosas?
Tema a discutir durante os próximos 100 anos!!!
9 comentários:
a arte de sedução sempre existiu. cada um dos intervientes tem a sua forma de a praticar. Há casos surreais de sedução e de relacionamentos. Mas o que eu acho que nesta sociedade onde cada vez mais somos egoistas e cada vez mais cosmumimos bens materiais, todo e qualquer gesto de afecto toma proporçoes desmensuradas. Nem sempre é certo...mas verifico que é cosntante a procura do ser perfeito. Não nos preocupamos connosco mas sim em encontrar no outro o ser que não somos.
é esta a arte de sedução!
a pirata
1. uma perspectiva nua e crua da questão... bem visto mas custa-me a aceitar... sou uma eterna romântica...
2. vou relembrar o prefácio dessa magnífica obra, como me aconselha...séc. XVIII - nada melhor que a literatura francesa para este tema!
a tony
a procura do ser perfeito inibe as diligências da sedução ou intensifica-as?
(à margem): a obra referida pelo Pirata traz-me excelentes recordações de uma boa nota a Lit. Francesa. :-) Mas já não me lembro do prefácio... ai, ai...
(sobre o que diz Tony): o poeta Ricardo Reis diz precisamente o contrário, que NOS amamos no outro... Sinto-me inclinada a concordar com ele...!
INCROYABLE!!!
http://www.frenchtouchseduction.com/
a pirata
essa estatística contém uma margem de erro?!
se consultar o site indicado verá que, hoje em dia, a «sedução» pode ser formatada e programada... mas não era propriamente dessa que falava... agrada-me bem mais a do universo literário das «liaisons dangereuses»; também me lembrei de Mario Vargas Llosa e Gabriel Garcia Marquez... diferente mas de uma intensidade à prova do tempo!
Obrigado pelo comentário e retribuo. Abraços.
a pirata
agora, se me permite o à-vontade, sou eu que digo: você não existe! será que teremos cem anos pela frente?! :-)
a sua análise é deveras pertinente e acertada!
ainda a propósito, se bem que numa esfera vizinha, acabei de colocar uma postagem sobre a amizade... decerto que o Principezinho tem um lugar na sua alma literária. E a amizade também.
se me permitem acho que nestes dois exemplos não existe arte de sedução. o que ali se vê é apenas uma desconstrução da arte de sedução. alguém tomou uma atitude e só assim se desenvolveu um relacionamento. ali não houve sedução, mas sim disponibilidade, predisposição para...
porquê? porque as pessoas estão cansadas desses dogmas judaico-cristãos e simplesmente deixaram de ligar a um conjunto de comportamentos e regras mais ou menos romanescas. simplesmente pararam e resolveram agir. é tudo uma questão de acção/reacção. nada mais. lamento mas a sedução não é nada disto. a sedução maior é nao seduzir. é o que eu acho. e aliás eu só me consigo seduzir a mim mesmo porque não emprego arte alguma nessa empreitada. olho-me ao espelho e capto-me sem qualquer modo artistico ou teatral. pronto. passei-me....não se deixem seduzir por isto. isto não existe. é apenas uma pausa. musica gravada. nada mais...
acredito que tudo tem de ser construido! nada aparece assim do acaso.
talvez seja esse tal de amor à primeira vista que passa quando se lava o rosto...
a pirata
não contar o tempo é uma opção a que todos aspiramos e poucos conseguem; quase que estou tentada a dizer: como o invejo!
a altino
bemvindo a este espaço de «desconstrução», o que implica fatalmente o processo inverso. E é neste movimento pendular que a nossa existência se constrói.
quanto à sedução... chegaste precisamente ao cerne da questão: os exemplos escolhidos, intencionalmente, são, de facto, a negação de qualquer processo de sedução! embora os dogmas judaico-cristãos sejam castradores de muitos comportamentos, estou tentada a pensar que, neste caso, a sedução existe, por si só, independentemente de normas ou preconceitos;
há uns tempos, um amigo meu que atravessava de carro a ponte da Arrábida, sentiu-se repentinamente seduzido pelo pôr-do-sol que, nesse dia, lhe pareceu estranhamente especial; parou, saiu e ficou ali a viver essa sedução! só «acordou» quando a polícia o tentava demover de «saltar»!!! A sedução neste caso é uma acção/reacção...mas pode ser um processo...
a vício
«tudo» e «nada» acabam por ser idênticos na sua essência... (?)
a construção pressupõe a demolição, o caos, a «desconstrução»; as pessoas vivem obcecadas por «ter» e não por «construir»... seduzir
implica o segundo... e a verdade é que, cada vez mais, há pessoas «infelizes» e «insatisfeitas» apesar de terem uma carreira profissional brilhante, uma casa com piscina, um carro topo de gama, viagens aos mais exóticos cantos do mundo para contar, etc, etc, etc. mas sem «tempo» para «construir-se» numa relação com o outro.
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