20/11/2006

(IN)visibilidade(S) 2

Uma invisibilidade reconfortante invadiu-a, deixando-a prostrada na velha poltrona forrada a veludo suave e tingido de vermelho quente.

A opacidade permanente de objectos humanos à sua volta desvaneceu-se gradualmente…

Livre para voar pelo universo rumo ao sol… hermética a calores rasgados por pássaros migradores que, se detinham por segundos nessa corrente de horas que dançavam, loucas, à volta dos seus cabelos.

Um autismo ardente de forças sublimes e sorridentes cobriu os seus ombros e embalou-a ao som de uma melopeia surda de ritmos e de vozes.

A luz intensa que iluminou o seu olhar brilhante e lancinante, eternizou a sua cegueira.

Subitamente, uma amnésia percorreu o labirinto de memórias longínquas e próximas… corrompeu-a até à sua essência oculta numa profundidade doce e serena.

Sorriu, porque o sorriso permaneceu. Livre!

1 comentário:

Irene Ermida disse...

Entrar em estado meditativo? Ou será hibernação sensorial? :)
Por vezes a lua também ilumina... mas o sol aquece!
Obrigada pelos comentários.