28/08/2011

Fio de luz


Dominou-a um cansaço extremo como se o peso do mundo fosse apenas uma pena que cambaleando pelo ar lhe tivesse caído em cima dominasse todos os seus movimentos e numa paralisia total nem os olhos abria... eram as cenas repetidas de um filme clássico que se projectavam no seu íntimo e não se mexia... assistia... misturada numa plateia imóvel também, suspensa por um fio de luz sem tamanho nem cor... sabia que extinta a luz o filme repetir-se-ia vezes sem conta num contínuo fluir de imagens. Fechou os olhos e sorriu, alheada de si, e presa no feixe de luz que lhe fugia.


Irene Ermida

06/08/2011

há palavras...

Imagem: https://www.facebook.com/modernart21




há palavras que ficam presas no ar quando te respiro e te sinto em mim

numa espiral de sentidos tão sentidos e sem sentido 

que só a loucura do amor entende o sonho que vagueia por jardins de emoções 

e uma interrogação que acende gélidos vulcões 

e explode em ondas que não são minhas mas são tuas

como se nada existisse entre os dedos colados das minhas mãos nas tuas 

e o sorriso que descobre o momento que acontece sem tempo nem medida 

que possa desvanecer a imagem de dois num só 

e num mundo que gira no sentido que nós queremos 

e toma a forma do que sentimos e renasce e cresce na absoluta certeza 

entre uma lágrima que enternece e um sorriso que consome o destino infalível 

e morro na tua boca que me inunda a alma 

e o pensamento foge de mim para ti 

numa pressa que só tu entendes 

e amo o que há em ti,
amo o que há em nós.

Irene Ermida