13/06/2007

Un petit rien...

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Foto: http://www.allposters.com/


Fui renomeada pelo sonho a sul para os memes e adoro desafios. Nunca lhes resisto! Mas desta vez não bloqueei!!! Lembrei-me, subitamente, de alguns textos que foram escritos há anos e que fazem parte de uma colectânea intitulada, por enquanto : Memórias Afectivas. Trata-se de uma tentativa de perpetuar algumas emoções relacionadas com histórias vividas durante a infância e adolescência.

O meme que vos deixo baseia-se num dos textos e conta como foi o meu primeiro dia na escola «por dentro de mim»... e não, não vou renomear mais um blogue! Antes, lanço um repto a todos os que entenderem responder: lembrem-se e contem como foi o vosso primeiro dia na escola «por dentro» de vós mesmos.

Primeiro dia

A mão materna aperta com ternura, força e segurança os pequenos dedos, durante a subida, degrau a degrau, até ao patamar. O primeiro dia! A ansiedade tolda a visão agravada pelo estrabismo e alguma miopia. Uma névoa envolve os passos até à porta da sala, a entrada, os vultos. Vislumbra-se lá no fundo, ao pé da janela e ao lado secretária da senhora professora uma mesa grande, baixa, de tampo verde, rodeada de cadeiras como as que se vêem na feira para as crianças: de madeira e pequenas. Pouco a pouco, os contornos vão tomando forma: um quadro negro, uma secretária, carteiras de madeira, um mapa na parede, um globo. Vestidos de branco, os vultos reanimam-se e tomam vida. Falam, olham, riem… Na mesa grande e baixa, de tampo verde, aparece o caderno e o lápis. Os olhos esbugalhados percorrem o cenário. À volta da mesa: batas brancas, rostos apreensivos, cadeiras vazias… Os olhos fixos na porta e na figura de uma menina, também de bata branca, com os cabelos encaracolados e uns olhos de brotam lágrimas a fio. Aproxima-se e senta-se. As lágrimas saltam e circulam ondeando as faces rosadas. «Não chores» arrisco eu aflitivamente, esquecendo o quadro, o giz, o mapa, os cadernos, os lápis… e assisto, incrédula, àquela cena incompreensível. Chorar, porquê? Um nó na garganta apertava e obrigava-me a repetir: Não chores!
As palavras e as lágrimas descobriram um sentimento novo: a amizade.

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