16/11/2008

Desabafar é bom... ou excelente?!


Já há uns tempos atrás tive oportunidade de me referir à minha professora primária.
E hoje, mais uma vez, quero, necessito, mais do que nunca, lembrar-me dela!
O seu estatuto impunha respeito, admiração e o seu empenho e dedicação incentivava os melhores e não deixava para trás os mais fracos. Uma professora que ensinava, corrigia, educava… tratava-nos como alunos e como filhos, víamos nela a figura de mãe, de conselheira, de lutadora: era a senhora professora. Aprendíamos, porque ela nos ensinava, porque sabia exactamente qual a sua missão! Uma EXCELENTE professora!
Nós, crianças, sentíamo-nos gratas! E, pelo seu aniversário, oferecíamos-lhe um ramo de flores em sinal do nosso reconhecimento, que amaciava a sua aparência austera e deixava ver aos mais atentos, as lágrimas que ficavam a brilhar nos seus olhos.
Ao longo da nossa vida de estudantes privámos com EXCELENTES professores, que fizeram a diferença e se perpetuaram na nossa memória como exemplo a seguir. Dos fracos? Não reza a história! Caem no mais profundo esquecimento!
A todos os EXCELENTES professores que, diariamente, se empenharam ao longo de décadas (e aos que se empenham) na sua tarefa de ensinar pelo simples prazer de ver os seus alunos aprender, sem esperar louvores, nem menções honrosas, nem prémios, conscientes de que a sua acção ultrapassa qualquer rótulo, que o contributo que prestam para melhorar a «educação» dos homens e mulheres que um dia serão profissionais dos mais diversos sectores (mecânicos, cozinheiros, jornalistas, médicos, engenheiros, motoristas, ministros…), e que sempre foram alvo da indiferença total por parte da sociedade que deixou de lhes reconhecer competência, autoridade, dignidade; votados a um esquecimento displicente durante anos e anos, a quem, mais do que qualquer formalidade de avaliação, interessa o juízo que os seus alunos formam deles no quotidiano das suas aulas e fora delas…
A todos os EXCELENTES professores que foram avaliados com uma menção de SATISFAZ (importaria saber quantos requereram a menção de BOM no anterior sistema de avaliação!) e se contentaram com ela, porque o mais importante era a sua rotina escolar centralizada na aprendizagem dos alunos, porque esse sim, era o sentido do seu trabalho…
A todos os EXCELENTES professores que deram o seu contributo para que os seus(suas) alunos(as), passados uns anos, soubessem escrever, ler, criticar, formar opiniões, argumentar, fundamentar, mesmo contra eles…
A esses EXCELENTES professores anónimos para quem as quotas nunca serão suficientes nem os afectará na sua integridade, presto a minha homenagem porque souberam (sabem) enriquecer o país de ideias e de atitudes!
Expresso, por último, à minha professora primária um agradecimento especial por me ter ensinado que a pronúncia do “x” pode ser diferente consoante a palavra, e que o significado da palavra EXCELENTE não se limita a um mero quantitativo numérico, mas antes corresponde a um conteúdo e a uma essência incompreensíveis a quem não guarda memória dos seus professores.
Afinal, não é mais importante ser um BOM EXCELENTE do que um EXCELENTE de 10 valores?!

Irene Ermida



1 comentário:

Manuela Pinheiro disse...

... eu deixo um sorriso... que me faz lembrar também a minha maravilhosa professora da instrução primária. Muito Obrigada pelo excelente momento. É bom recordar tudo o que nos deixou boas recordações e força para continuarmos a nossa caminhada. Bem hajam todas as excelentes professoras como a minha e como a sua e como estas que muitos de nós podem ainda descrever. Boas Festas! Bom Ano Velho e Próspero e Feliz Ano Novo.