11/02/2007

Conspiração de domingo


Acordada pela intensidade da dor muscular que me atormentou o sono, decidi ficar entre os lençóis a ouvir a chuva lá fora e a ler «As voltas dadas ao mundo», de Salvador Nogueira.

Mais por hábito que por vontade de ser contactada, liguei o telemóvel. Apetecia-me ficar assim indolente e ociosa, alimentando o meu imaginário de palavras e de universos alheios.

Tocou inoportunamente! Do lado de lá: – Bom dia Maria Irene, olha preciso que me escrevas frases para ilustrar vinte e nove imagens… Atordoada pelo estranho pedido, questionei: – mas sobre o quê? assim de repente, não consigo! -, - consegues, pois, tu tens uma cabeça do caraças! -, - com que então sou cabeçuda? -, - ahahahahah, fazes-me isso? Preciso disso hoje sem falta! -, - mas as imagens têm a ver com o quê? (insisti), - olha, é para o dia dos namorados! - Ah! (exclamei indiferente) ok, vou tentar… (derrotada, aquiesci, pois não há nada que consiga negar a este meu sobrinho).

Esta interrupção do meu sossego obrigou-me a iniciar a rotina com o pequeno-almoço. Mas a máquina de café não gostou e recusou-se por três vezes em saciar a minha necessidade de estímulo!!!

Em seguida, duche: deixei correr a água para que esta ficasse bem quente… entrei e saí de imediato!!! A caldeira solidarizou-se com a máquina de café e teimou em manter-se inactiva! Dei voltas e voltas e vi que não tinha pressão. Tentei tudo! Liguei até para uma vizinha que me deu uns conselhos, em vão. Percorri o circuito dos radiadores, maldizendo esta subversão de papéis reclamada pelas mulheres só para terem aborrecimentos destes! Tudo inutilmente…

Decidi então aquecer água… mas o fogão impavidamente se aliou à conspiração dos electrodomésticos, recusando-se a dar chama! Ia começar a praguejar, mas respirei fundo (ultimamente este exercício tem resultado lindamente!).

no escritório, esquecida destes contratempos, decidi arquivar a papelada que durante algumas semanas se foi acumulando em cima da secretária. Separadas as facturas e outros papéis inutéis, que só existem para nos lembrar que vivemos numa sociedade moderna, deparei-me com as facturas do gás que, de repente, ganharam uma majestosa importância!!! Atentei de perto: e apercebi-me que, desde Dezembro, o meio de pagamento deixou de ser automático (sem que nada tivesse feito para isso ser alterado!) e constava o pagamento por Multibanco!!! Incrédula com a minha inépcia para estas vulgaridades que desvirtuam o sentido da vida, entendi então que me tinham cortado o gás!

2 comentários:

Irene Ermida disse...

afinal foi falso alarme, não tenho ainda o gás cortado! mas o atraso nas facturas não é, amanhã vou tratar disso...

aDesenhar disse...

deve ser falta de gás do próprio gás!

de qualquer forma é lamentável ficar sem aquele saboroso banho, para um bom inicio de dia!

:-)